Plataformas Digitais
Demissões no BuzzFeed e HuffPost apontam para o desafio das empresas aliarem receita a bom conteúdo.
Plataformas digitais ganharam as atenções do público jovem e marcas dispostas a desenvolverem ações diferentes. Essas empresas, no entanto, vivem um momento de rediscussão de seus respectivos modelos. No final da semana passada, o fundador e executivo-chefe do BuzzFeed, uma das maiores plataformas digitais, Jonah Peretti, afirmou que a plataforma reduzirá em até 15% seu quadro de profissionais, algo em torno de 250 pessoas. Além disso, o BuzzFeed encerrou suas operações na Espanha.
Peretti alegou que o objetivo dos ajustes é reequilibrar as receitas. Então, reduzindo os custos, segundo ele, “podemos prosperar e controlar nosso próprio destino, sem precisar levantar fundos novamente”. Na semana passada, a Verizon disse que cortaria 7% dos funcionários de sua unidade de mídia. Cerca de 800 profissionais foram atingidos.
Em todos os casos, os analistas apontam que a concorrência com Google e Facebook – tem relação com os cortes. Então , a estimativa do eMarketer é de que metade dos investimentos feitos em publicidade digital até 2020 seja do Google e Facebook.
Futuras estratégias das plataformas digitais
Uma das estratégias de algumas plataformas digitais, diante da concorrência em publicidade digital, é encontrar novas fontes de receita como vem fazendo a Vice, em parceria com a HBO, e o BuzzFeed, com a Netflix. “As empresas jornalísticas nativo-digitais nasceram com o fôlego de não carregar o peso das mídias tradicionais, estruturas gigantescas, modelos ultrapassados de mídias analógicas. Isso foi uma vantagem competitiva para os novos. Mas houve um erro estratégico em boa parte dessas startups: o modelo de negócios baseado em clique-fácil”, observa Eduardo Tessler, jornalista, consultor e colunista de Meio & Mensagem.
Então, Tessler reforça que está nascendo uma nova categoria de redações que mescla conteúdo e negócio. “Até há pouco era quase uma condição nas redações que jornalistas tratam de conteúdo e o resto que se preocupe em pagar a conta. Hoje, com a tecnologia que ajuda a se conhecer em tempo real o comportamento da audiência, a sobrevivência do negócio também compete aos jornalistas. O fundamental, agora, é não deixar que o peoplemeter dos novos tempos contamine a qualidade da informação”, alerta.
Bob Wollheim, CEO da The B Network, explica que reduzir pessoal mostra que as redes sociais impactaram muito. “Não é questão de valer ou não valer. De notícias isentas e bem apuradas ou não. É óbvio que vale, mas estamos citando o desafio de sustentabilidade das empresas de conteúdo em qualquer lugar do mundo. É difícil identificar caminhos para resolver esses grandes problemas. É óbvio que Guardian e Times transformam a reputação conquistada em um novo modelo. Mas são poucas as empresas no mundo que tem essa mesma dinâmica. ”
Fonte: Meio & Mensagem